domingo, 18 de setembro de 2011

Lideranças da BR-163 aprovam reivindicações para levar a Brasília

Representantes de 54 entidades dos movimentos sociais da área de abrangência da rodovia BR-163 (Cuiabá-Santarém), reunidas desde ontem, aprovaram uma série de reivindicações contra a atual postura do Governo Federal em relação à implementação do Plano BR-163 Sustentável.

A Carta de Santarém critica o rompimento por parte do Governo Federal do diálogo com os movimentos sociais da região. As lideranças avaliam também que o Plano BR-163 Sustentável foi deixado de lado pelo Governo, que, por sua vez, optou por promover megaobras, que atendem apenas o interesse das grandes empresas, como a hidrelétrica de Belo Monte.

As lideranças, reunidas hoje à tarde em Santarém, no Oeste do Pará, debateram e discutiram cinco tópicos que foram incluídos no texto final da carta: ordenamento territorial, infraestrutura, atividades produtivas, inclusão social e governança.

"O encontro deixa claro que os movimentos sociais têm domínio sobre o conteúdo do Plano BR-163 Sustentável", afirma Rubens Gomes, presidente do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA) e organizador do evento junto com o Consórcio pelo Desenvolvimento Socioambiental da BR-163 (CONDESSA). "Afinal de contas foram essas mesmas lideranças que construíram seu conteúdo de forma participativa", garante Gomes. "Depois de cinco anos, ao avaliar, eles confirmaram que suas metas pouco saíram do papel" - finaliza.

As lideranças organizaram uma comissão que ficou encarregada de solicitar uma audiência com a presidenta Dilma para entregar-lhe a Carta de Santarém 2011 e exigir medidas imediatas.

CARTA DE SANTARÉM 2011

Nós, 107 lideranças de 54 organizações socioambientais e comunitárias integrantes do Consórcio pelo Desenvolvimento Socioambiental da BR-163 (Condessa) e entidades parceiras, reunidas no Encontro de Santarém: Avaliação e Tomada de Rumo – Rodovia BR-163, reconhecendo a alteração no cenário político, social e econômico porque passa a região de influência da BR 163, coletivamente refletimos e declaramos o que se segue.

Em 2004, durante o processo de construção do Plano da BR-163 Sustentável, ousamos inovar, estabelecemos alianças e construímos uma nova metodologia de planejamento para a Amazônia, com participação dos movimentos socioambientais, do governo e da iniciativa privada para criar uma proposta de desenvolvimento sustentável para a região. Esse modelo passou a ser reconhecido pelo governo e pela sociedade civil como exemplo exitoso de planejamento participativo adequado às especificidades da nossa realidade amazônica.

Hoje, infelizmente, o modelo inovador construído coletivamente foi abandonado pelo governo, conforme demonstrado pela baixíssima execução de ações previstas no Plano BR-163 Sustentável e a desativação das instâncias de participação social constantes em seu modelo de gestão. O governo prioriza megaobras de infraestrutura, como as hidrelétricas de Belo Monte, Teles Pires e Tapajós na mesma região, ignorando as contradições com o Plano BR-163 Sustentável e rompendo o diálogo com as populações da área de influência da rodovia.

Não podemos concordar com essas obras porque elas atendem somente aos interesses de grandes grupos econômicos e políticos, criando graves impactos socioambientais como a especulação fundiária, a perda de territórios e a redução da qualidade de vida das populações tradicionais e da agricultura familiar. Obras que também provocam o aumento de desmatamento, intensificam os fluxos migratórios, incham as cidades e sobrecarregam os serviços públicos como os de saúde, educação e segurança pública.

Por essa razão, nós, lideranças socioambientais e comunitárias aqui reunidas, exigimos que os objetivos e as ações do Plano BR-163 Sustentável, construídos com forte engajamento da sociedade civil, sejam resgatados por meio da execução das medidas urgentes a seguir.

ORDENAMENTO TERRITORIAL E GESTÃO AMBIENTAL

1. Acelerar a regularização fundiária e ambiental nos projetos de assentamentos da Reforma Agrária;

2. Estabelecer novos Territórios da Cidadania e viabilizar o funcionamento dos Colegiados Territoriais, garantindo a implementação dos projetos comunitários;

3. Intensificar ações de consolidação das Unidades de Conservação, com destaque para a criação e efetivação de conselhos deliberativos, com participação paritária.

INFRAESTRUTURA PARA O DESENVOLVIMENTO

1. Promover a expansão do sistema de comunicação para as comunidades, com a ampliação das áreas de alcance das rádios comunitárias e do acesso à Internet, em especial para a área rural;

2. Melhorar as condições de transporte sobretudo para as áreas mais distantes, tanto pela abertura de mais ramais e estradas vicinais quanto pelo melhoramento dos meios de transporte existentes;

3. Transformar o "L uz no Campo" em "Luz para Todos".

FOMENTO A ATIVIDADES PRODUTIVAS SUSTENTÁVEIS

1. Promover a diversificação dos produtos da agricultura familiar, facilitando o acesso aos mercados e a desburocratização do acesso ao crédito;

2. Incentivar a inserção das comunidades em atividades econômicas sustentáveis de geração de ocupação, emprego e renda, a exemplo do turismo ecológico;

3. Garantir programas de formação e qualificação para o fortalecimento dos empreendimentos econômicos comunitários.

INCLUSÃO SOCIAL E CIDADANIA

1. Melhorar a qualidade da educação na Amazônia, em especial nas áreas rurais, com mais investimentos na infraestrutura das escolas e na qualificação dos educadores e das educadoras;

2. Ampliar o investimento na saúde para os povos da Amazônia, com ênfase na formação, capacitação e valorização do trabalho das parteiras comunitárias;

3. Combater a impunidade que perpetua a violência na Amazônia, com a severa punição dos assassinos e mandantes dos crimes para assegurar a garantia do direito das comunidades de viver em paz.

GESTÃO E GOVERNANÇA DO PLANO BR 163

1. Garantir a participação social em todas as instâncias de governança do Plano BR-163 Sustentável;

2. Desenvolver mecanismos de fortalecimento das organizações e movimentos da sociedade civil organizada;

3. Abrir o diálogo entre representantes do Condessa e a mais alta esfera do governo, com a participação da Presidenta Dilma a respeito da reativação do Plano BR-163 Sustentável.


 

Assinam:

AMUTRANTS

ASPROGAPA

Associação das organizações das Mulheres Trabalhadoras do Baixo Amazonas (AOMT-BAM)

Associação de Agricultores Familiares de Peixoto de Azevedo (AGRIPAC)

Associação de Mulheres do Município de Aveiro (AMMA)

Associação de Mulheres Trabalhadoras do Município de Oriximiná (AMTMO)

Associação de Pequenos e Médios Produtores de Nova Aliança

Associação de Rádios Comunitárias do Município de Oriximiná (ARCO)

Associação dos Agricultores Familiares e Extrativistas do Ribeirão Grande (AAFERG)

Associação dos Moradores e Agricultores ds Comunidade de São Francisco - Periquitos

Associação dos Pequenos Produtores Rurais de Corgo do Fundo

Associação dos Produtores Rurais de Gleba Entre Rios (APROGER)

Associação dos Sem Terras de Juara

Associação PA Califórnia

Associação Renascer

Associação Vale do Jamanxim - ATRDPB (PDS Brasília)

Casa Familiar Rural Uruará

Centro de Formação de Trabalhadores e Trabalhadoras do Baixo Amazonas (CEFT-BAM)

Colônia dos Pescadores Z 86

Colônia dos Pescadores Z-56

COOMEPRA

Cooperativa Mista do Município de Prainha (COMIPRA)

Cooperativa Terra de Viver (COOPERVIVER)

Fetagri Pará

Fórum dos Movimentos Sociais da BR 163

Fórum Matogrossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento (FORMAD)

Fundação Viver, Produzir e Preservar (FVPP)

Grupo de Artesans Cultural Uruá Tapera (GACUT)

Grupo de Trabalho Amazônico (GTA)

Grupo de Trabalho Univida

Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM)

MMEER    

Movimento das Mulheres Trabalhadoras de Placas Campo e Cidade

Movimento de Mulheres Campo e Cidade de Rurópolis (MMCCR)

Oficina Escola de Lutheria da Amazônia (OELA)

Pastoral Social de Oriximiná

Projeto Renascer

Projeto Saúde e Alegria (PSA)

Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras RuraiS Anapu

Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Alenquer

Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Altamira

Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Aveiro

Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de BN

Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Diamantino

Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras RuraiS de Faro

Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Guarantã do Norte

Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Lucas do Rio Verde (STTR-LRV)

Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Matupá

Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Nova Mutum

Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Oriximiná

Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de PDS Brasília

Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Rurópolis

Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Sinop

Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Terra Santa.


 

Fonte: Comunicação GTA, por email.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

MMA abre consulta pública para Rio+20

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) abriu Consulta Pública para ouvir os interessados em apresentar sugestões às propostas que serão encaminhadas pelo Governo brasileiro à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20. A iniciativa visa garantir um processo inclusivo e transparente na elaboração da submissão nacional que o País encaminhará ao Secretariado da ONU até o dia 1º de novembro próximo.

A Consulta Pública consiste em um questionário de 11 perguntas. Cada pergunta deverá ser respondida em caráter individual ou em nome de qualquer organização, em no máximo 20 linhas, em fonte Times New Roman tamanho 12. Os questionários respondidos deverão ser encaminhados, até o dia 25 de setembro de 2011, em formato .doc, ao endereço eletrônico rio2012@mma.gov.br.

Posteriormente, o MMA divulgará o documento apresentado pelo Governo brasileiro ao Secretariado da ONU, bem como a síntese das contribuições recebidas por meio da Consulta Pública.

O texto-base da Consulta Pública e o questionário estão disponíveis no endereço: http://hotsite.mma.gov.br/rio20/consulta-publica-4/.

A Rio+20 ocorre em junho de 2012, na cidade do Rio de Janeiro, e marca os vinte anos da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como Rio 92.

Fonte: MMA

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

IPAM lança Relatório de Atividades 2010

O Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) acaba de disponibilizar seu Relatório de Atividades de 2010, que traz uma visão socioeconômica e ambiental integrada da região amazônica através da descrição das atividades realizadas pelo IPAM em 2010, ano em que completou 15 anos de existência. As atividades e pesquisas descritas foram conduzidas em prol de um desenvolvimento da região que alie a conservação ambiental e florestal com uma produção agrícola sustentável capaz de gerar crescimento econômico, bem estar social e preservação das funções ecológicas dos ecossistemas da região.

Acesse o Relatório pelo link www.ipam.org.br/relatorio2010


O relatório traz informações detalhadas de 25 projetos, além de informações sobre as áreas de atividades permanentes, conselho e diretoria. Para Paulo Moutinho, diretor executivo do Instituto, "o relatório serve como instrumento de transparência e prestação de contas aos financiadores e sociedade em geral, possibilitando também a valorização dos nossos colaboradores e parceiros e, por fim, o reconhecimento e fortalecimento das atividades desenvolvidas, motivação para o uso de informações qualificadas e a construção de iniciativas semelhantes".

Dentre as atividades, é possível destacar a importância da agricultura familiar na região do Baixo Amazonas, BR-163 (Tapajós), Transamazônica e Xingu, através de estudos que identificaram o potencial de mercado para produtos madeireiros e não madeireiros, e apoio à implementação unidades demonstrativas de produção. Em assentamentos na região de Santarém, o Instituto desenvolveu projetos de manejo de recursos naturais e cogestão ambiental, incluindo a formalização dos acordos comunitários de pesca na região do Baixo Amazonas.

Em favor de uma agricultura sustentável na região, o IPAM promoveu estudos e debates sobre o Plano para uma Agricultura de Baixo Carbono (ABC) do governo federal, buscando avaliar os caminhos necessários que compatibilizem o aumento da produção agrícola com a redução de gases de efeito estufa determinada na Política Nacional de Mudanças Climáticas. Ainda na linha de fomento a um desenvolvimento com baixas emissões, o IPAM continuou investindo na construção de modelos de cenários futuros para a região e mapeou o histórico de desmatamento dos últimos 10 anos em 595 áreas protegidas da Amazônia.

O relatório detalha o estudo que confirmou a crescente suscetibilidade das florestas amazônicas a incêndios, que se dá principalmente devido aos eventos de seca extrema e ao maior grau de desmatamento e fragmentação florestal. Segundo Moutinho, diante desse cenário de mais seca, incêndios intensos, degradação florestal e desmatamento, é evidenciada a necessidade de se estabelecer um novo paradigma de desenvolvimento para a região.

O desenvolvimento e ordenamento territorial são temas recorrentes nas atividades do ano de 2010. Exemplo é o Plano BR-163 Sustentável, o qual o IPAM monitora e ajuda a gerir; a adequação socioambiental voluntária de grandes propriedades rurais e o apoio aos povos da floresta e produtores familiares no desenvolvimento de suas propostas para enfrentamento das mudanças climáticas. Numa escala maior, é possível obter detalhes sobre o estabelecimento do primeiro Memorando de Intenções visando à criação de um consórcio intermunicipal voltado para a criação de um programa regional de REDD que poderá servir de modelo para toda a região.

Assim como no ano anterior, o relatório relata a promoção de educação e capacitação entre povos indígenas e comunidades tradicionais nas questões relativas a mudanças climáticas e REDD, com a realização de seminários, workshops e materiais educativos, além de apoio à luta para inserção de seus direitos no âmbito Convenção de Mudança Climática da ONU.

Além dos programas Cenários para Amazônia, Manejo Comunitário de Várzea e Florestas e Mudanças Climáticas, o relatório de 2010 mostra o nascimento do Programa Internacional, que surgiu como resposta à crescente demanda internacional por atividades de pesquisa, análise de políticas e capacitação para um desenvolvimento rural de baixa emissão de carbono nos trópicos.

Acesse o Relatório pelo link www.ipam.org.br/relatorio2010 ou nos solicite uma versão impressa pelo e-mail comunicacao@ipam.org.br.

Fonte: www.ipam.org.br