O açaí (Euterpe oleracea Mart.) é uma espécie que vem sendo amplamente utilizada em todo o país. A espécie está inserida na lista de Produtos da Sociobiodiversidade e polpa tem garantia de preço mínimo. O açaí vem ganhando diversos incentivos do governo na produção e comercialização. Considerando a importância social e econômica da espécie para a região da BR 163 realizou-se um diagnóstico participativo sobre o uso do açaí nativo e plantado em cinco comunidades do entorno das Florestas Nacionais de Itaituba I, II e Trairão (Três Boeiras, Vila Planalto, Bela Vista do Caracol, Monte Dourado e Campo Verde). O objetivo foi levantar informações sobre o manejo, técnicas, limitações ou dificuldades, potencialidades e demais aspectos relevantes em relação ao uso do açaí. Para realizar o diagnóstico foram aplicadas três ferramentas de trabalho em grupo: a) Linha da vida; b) Matriz FOFA (Fortalezas, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças); e c) Desenho coletivo do ciclo do trabalho. Como resultado das oficinas observou-se que os principais pontos positivos em relação ao uso do açaí são: recurso natural abundante na região, alimentação para a família e animais, a extração aumenta a produção do açaizal, a espécie promove o desenvolvimento econômico e social e há mercado consumidor promissor (palmito e fruto). As comunidades apontaram as seguintes possibilidades e demandas: instalação de palmiteiras e de despolpadeira, incentivo para plantio de açaí, melhoria da renda da comunidade, produção legalizada, melhoria da auto-estima do trabalhador, fortalecimento de cooperativas e associações, entidade atuante que represente a classe, realização de cursos de artesanato, manejo e legislação ambiental, inserção da polpa do açaí na merenda escolar e distribuição de sementes. No diagnóstico verificaram-se as seguintes fraquezas/dificuldades/ameaças: falta de legalização do palmito; falta de terras próprias e de regularização fundiária; escassez de recursos financeiros para o plantio de açaí; falta de orientação técnica; dificuldade para o transporte tanto pelas condições das estradas como pela fiscalização dos órgãos ambientais; falta de energia elétrica; necessidade de atravessador para comercializar; muita burocracia para legalizar; dificuldade para armazenar, processar, transportar e comercializar os produtos do açaí; necessidade de apoio/incentivo do governo; invasão dos lotes para extração ilegal de palmito; organização comunidade deficiente; desequilíbrio ecológico com a exploração desordenada do palmito; dificuldade para conseguir a nota do produtor; necessidade de educação ambiental; pouco apoio governamental para projetos de manejo; e estradas em condições inadequadas para escoamento. Os principais acontecimentos registrados nas comunidades foram: de 1985 a 1993 houve o início da extração de palmito nas cinco comunidades. A primeira fábrica da região foi instalada em Miritituba (1998) e hoje cinco palmiteiras estão em funcionamento na área de estudo. As invasões dos açaizais começaram em 2005. Os fatores históricos mais marcantes registrados pelas comunidades foram: a queda no setor madeireiro, a criação das unidades de conservação, a abertura de vicinais, o fechamento de fábricas, a recuperação das estradas, a doação de sementes de açaí (BRS/Pará, desenvolvido pela Embrapa em 2006). A extração geralmente é feita pelos homens da comunidade e as mulheres participam do beneficiamento. O diagnóstico possibilitará futuras ações do governo, em conjunto com a comunidade, para buscar formas de sanar as demandas identificadas e para promover o uso sustentável da espécie na região.
REALIZAÇÃO: Grupo de Trabalho sobre manejo de açaí dos Conselhos Consultivos das Flonas Itaituba I e Trairão.
Para acessar relatório completo favor solicitar através do email: codeterbr163@hotmail.com
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